Viagem Pelo Centro da Europa:
Alsácia-Baviera–Tirol
26 de Novembro a 17 de Dezembro de 2006
Dia 1 - Domingo, 26 de Novembro de 2006
Etapa: Óbidos > Área 103 (Almadronas-Guadalajara)
Kilometragem: 822 Km
Desta vez conseguimos sair à hora prevista! Às 14,30 (depois da Catarina ter acabado o turno) arrancámos. 1º Objectivo: Andorra. Hoje foi andar até não aguentar! Fomos por Santarém e Badajoz.
O primeiro reabastecimento foi em Trujillo e pé na tábua até Madrid.Em Madrid, a táctica é seguir pela M40! Nós falhámos e seguimos em direcção à M30, mas esta estava em obras e levou-nos para dentro da cidade sem sabermos como nem porquê! Andámos às voltas durante mais de meia hora, até que decidimos voltar na direcção de Badajoz e encontrar a entrada da M40… Escusado será dizer que o nosso GPS ficou sem bateria mesmo quando mais precisávamos dele. Agora não recarrega! Vão ser 3 semanas com navegação à moda antiga…
Com isto, uma hora perdida e o cansaço acumulado a pesar. A área 103 da Autovía de Aragón (a …103 Km da terra do Real) foi o local escolhido para a pernoita (já era meia noite e meia) e lá ficámos, mais uma vez, entre os camiões portugueses.
Dia 2 - Segunda-feira, 27 de Novembro de 2006
Etapa: Área 103 > Andorra
Kilometragem: 510 Km
Como não nos agasalhámos muito bem, tivemos frio durante a noite, pelo que acordámos às 5 da manhã e decidimos seguir viagem. Voltamos a reabastecer e como a Catarina não se aguentava de olhos abertos, foi para a cama e eu continuei viagem sem co-piloto… Parei para tomar o pequeno-almoço numa área perto de Lérida e já na estrada de Andorra, voltei a ter a companhia da minha parceira no “cockpit”.
Ás 11h30m estávamos em Andorra e fomos directos para o parque abaixo do Hotel Mercure, do outro lado do Rio Valira (42°30,41' N; 1°31,70'E). Almoçámos o resto das “sandochas” da viagem de ontem (que ainda não estavam muito duras!) e saímos para as “miérclas”! Os inevitáveis aparelhos electrónicos, umas botas de ski uns perfumes para oferecer no Natal… enfim, uma quantidade de euros gastos e um dia passado no mais puro consumismo.
O parque de estacionamento só autoriza a permanência de AC´s até às 23 horas, pelo que à hora do jantar rumámos ao parque de estacionamento do Hotel Patagónia em Arinsal (42°34,67' N; 1°28,74' E), este foi o nosso Hotel de neve do ano passado e sabíamos que tem sempre algumas Autocaravanas estacionadas. Dormimos com a companhia de 4 AC´s que estavam vazias (estacionadas sem ninguém dentro). Hoje o dia foi muito longo!
Dia 3 - Terça-Feira, 28 de Novembro de 2006
Etapa: Andorra > Pas de La Casa > Carcassonne
Quilometragem: 188 Km
Foi uma noite sossegada. Acordámos às 9 h e, depois do pequeno almoço arrancámos em direcção a Pas de La Casa. No caminho apercebemo-nos de uma área para AC´s com sinal de descargas em Encamp (junto ao funicular) – pode ser útil no futuro. Fizemos as últimas compras num supermercado em Pas de la Casa e ao meio-dia passávamos pela fronteira e pela pergunta clássica: –“tem algo a declarar?” – resposta comprometidamente negativa (que o guarda não percebeu!) e lá seguíamos Pirinéus abaixo, lentamente como sempre, em direcção a Carcassonne, por estradas secundárias, aproveitando o bom tempo e a magnífica paisagem.
Chegados a Carcassonne, por volta das 16h30, estacionámos junto a uma porta da cidade e fomos passear para a zona peatonal. Procurámos o posto de turismo pois a cidade não me parecia nada com a ideia que eu fazia dela. Encontrámos o “Turismo” à 17h05m, encerrado desde as 17h pelo que tivemos de comprar uma planta numa livraria. A minha ideia tinha fundamento e, com a planta na mão, percebemos que a Carcassonne Medieval e muralhada, se encontrava deslocada da cidade, com o nome de “La Cité”.
Voltámos à AC e dirigimo-nos aos parques assinalados junto ao burgo medieval. Já era de noite e havia muito trânsito, não foi lá muito fácil, mas depois de alguns enganos e muita indicação dúbia, lá acabámos por “tropeçar” no único parque (obrigatório e exclusivo) para AC’s e Bus. Por 24 horas (tarifa única) paga-se 10 euros. Enquanto estávamos a ponderar as alternativas chegou-se à nossa traseira outra AC, impossibilitados de recuar, não tivemos outra solução senão pagar e entrar para o parque onde já se encontravam outras 2 AC´s francesas. Com a AC estacionada (43°12,49' N; 2°21,97' E) e nivelada com as “preciosas” cunhas, dirigimo-nos à cidade medieval e procuramos um restaurante para jantar.
Escolhemos o “Auberge Ducs d’Oc” onde o empregado nos perguntou em que língua queríamos o menu. Respondi: “En Fraçais s’il vous plait! Je crois que vous ne l’avez pas em Portugais?!” Ele respondeu: “Não tenho ementa em português mas posso traduzir-lha!” - O sujeito era português! Estamos por todo o lado... Mais uma voltinha para a digestão e de volta à autocaravana, tivemos uma noite descansada (assim que os nossos vizinhos desligaram os geradores…).
Dia 4 - Quarta-feira, 29 de Novembro de 2006
Etapa: Carcassonne > Riquewihr
Quilometragem: 871 Km
Hoje estava programada mais uma etapa com muitos quilómetros pela frente, mas que só se iniciaria perto do meio dia, pois tínhamos combinado almoçar em Montpellier (a 140 Km de Carcassonne), com o nosso Tio Armando (que anda profissionalmente destacado por terras Gaulesas). Assim, de manhã, aproveitámos para passear pela “Cité”.
É realmente muito bela esta cidade medieval, que remonta ao século XII, possui como principal elemento o castelo feudal, dos Senhores de Trencavel, que no Séc. XIII foi anexado às posses reais francesas e viu todo o sistema de muralhas de defesa ampliado. Hoje, a maioria das lojas estavam encerradas, pois estamos em plena época baixa. Apenas alguns comércios se encontravam abertos, mas deu para ter uma ideia de como esta (tal como outras cidades e vilas medievais) subsistem graças ao turismo.
De volta ao parque de estacionamento fizemos o reabastecimento de água e despejamos o WC (não tem forma de descarregar as águas sujas), e lá arrancámos para pararmos perto de Montpellier, onde nos esperava um “almoço em família”. Aproveitámos a área de serviços da A7 para fazer a descarga de águas sujas (A7 entre Nimes e Lyon – Km 120 - Montélimar). O resto do dia foi sempre a andar (perto de 80 € de auto-estrada…!), só parámos para reabastecer os estômagos, o depósito e verificar que tínhamos um problema com o frigorífico… a luz piscava a ouvia-se um barulho na caixa de fusíveis por baixo da mesa… (tipo relê dos piscas!?).
Desliguei e voltei a ligar dois ou três fusíveis e voltou tudo ao normal!!! Chegámos a Colmar às 22 horas, demos uma grande volta pelo centro da cidade (aproveitando não haver movimento absolutamente nenhum…) parece ser uma cidade bem simpática. Seguimos para Riquewihr e logo à entrada da vila, encontrámos um parque de estacionamento com área de serviços para AC’s (48°09,96' N; 7°18,08' E). Por 4 €/noite resolvemos que era o sítio ideal para pernoitar (já lá estavam 2 AC’s francesas).
Dia 5 - Quinta-feira, 30 de Novembro de 2006
Etapa: Riquewihr > Freiburg > Titisee > Schaffhaussen
Quilometragem: 173 Km
Bem cedo fui comprar pães e croissants para o pequeno almoço.Depois, de estômagos confortados, fomos visitar Riquewihr. A vila é fabulosa! Parece realmente retirada de uma fábula ou conto de fadas.
As casas têm o melhor do estilo “alsaciano” – vigamentos de madeira à vista, cores muito fortes e quentes, impecavelmente reconstruídas e … encantadoramente enfeitadas para o Natal. Cada rua, beco ou viela é um deleite para a retina. Fica a promessa de voltar, e se possível nesta época do ano.
No regresso, já o parque estava composto de AC’s, entre elas uma espanhola, de um simpático casal de Barcelona com quem trocamos algumas impressões. Quando nos preparávamos para arrancar, o frigorífico voltou a dar o mesmo problema de ontem… Voltei a desmontar os fusíveis, e desta vez todos. O que fez disparar a válvula de anticongelamento do “Boiler” e consequentemente, a água começou a sair por baixo da AC (claro que todos pensaram – lá está o Português a despejar as águas sujas no meio do parque de estacionamento…), Só depois percebi que o problema era o fusível da bateria (do pólo negativo) que se tinha queimado uns dias antes do inicio desta viagem e eu, no desenrasque habitual, o tinha substituído por um fio fino de mais, que já estava a queimar… Substituindo este por um bem mais grosso o problema ficou resolvido, pelo menos por agora.
Arrancámos em direcção a Freiburg, na Alemanha, aonde chegámos às 14 horas. Encontramos logo um parque de estacionamento com área de serviços para AC’s (2.ª saída – Freiburg-Stadium). Estudámos o mapa que estava no bem sinalizado placard da entrada do parque e só não deixamos aí a AC porque não íamos passar a noite e é pagamento único para 24 horas. Continuámos na mesma rua, que é sem saída e deixamos a AC estacionada 300 metros mais à frente, num normal lugar de parquímetro. A pé (10 minutos) fomos até ao centro. É uma cidade fantástica, moderna, com muita gente na rua, muito movimento de carros, eléctricos e sobretudo milhares de bicicletas por todo o lado. Tudo decorado e iluminado para o Natal e claro… o Mercado de Natal, onde voltei a comer salsicha (variando sempre no tipo de “Wurst”).
Ás 17 horas zarpámos para Titisee. É uma vila muito bonita, na margem do lago com o mesmo nome e onde as decorações de Natal são igualmente fantásticas. Após a voltinha a pé pelas ruas principais, rumámos a Schaffaussen, não sem antes sermos “pesados” na fronteira suíça (5 minutos em cima da balança, sem aparentemente acusarmos peso a mais, à espera da confirmação da nossa documentação). Por volta das 20 horas chegámos às famosas Cataratas do Reno (23 metros de altura por 150 de largura). O parque para AC´s fica um pouco deslocado da zona das cataratas e estava completamente vazio. Depois de tentarmos o restaurante das cataratas (com uma vista soberba, e um preço…à altura!, que estava Fully Booked!), optámos por jantar junto às Cataratas, mas na AC, com a vista privilegiada da nossa janela da sala, com um preço bem mais acessível e com o “savoir faire” e a companhia da melhor “chef” que existe, a minha mulher.
Como ali não podíamos pernoitar, fomos para a cidade e estacionamos num parque junto à igreja e à escola (47°40,52' N; 8°37,15' E). Como diz no nosso diário de bordo: “Hoje foi um dia em cheio, e muito bom, vimos montes de sítios fantásticos."
Dia 6 - Sexta-feira, 01 de Dezembro de 2006
Etapa: Schaffhaussen > Stein am Rhein > Fussen
Quilometragem: 239 Km
Não se pode dizer que a noite foi muito descansada. Houve algum movimento na rua até bastante tarde e às 7 da manhã já estavam a chegar os veículos e crianças para a escola ali perto. O parqueamento só é gratuito até às 8 horas e como os dias são muito pequenos (anoitece às 17 horas), aproveitámos para sair cedo.
Às oito e picos já estávamos, de novo junto às Cataratas. Estas, com a luz do dia ganham em beleza o que perdem em magia, os contornos do vale e a verdadeira dimensão da queda revelam-se num espectáculo fantástico. De novo na estrada, rumo a Stein eim Rhein começaram a “aparecer” as paisagens alpinas… Demos um passeio em Stein que se apresenta como uma vila que mistura muito bem a “arquitectura alsaciana” com as pinturas nas fachadas e traços rectilíneos das ruas calcetadas da Baviera. Em plenos preparativos para o Natal que se aproxima, é grande a azafama nas decorações. Fomos à “Backerei” comprar pães e uma espécie de arrufadas para o pequeno-almoço e testámos o nossos conhecimentos de alemão, (desde Outubro estamos a frequentar um curso de alemão para adultos!... é quase certo que no futuro haveremos de passar muito tempo nesta região da Europa, mais vale ir já aprendendo a falar com eles!). Num dos ancoradouros admirámos mais uma vez o Reno, aqui ainda perto do inicio da sua viagem de 1300 km, que começa nos Alpes e termina bem lá mais acima (no Mar do Norte junto a Roterdão), depois de atravessar a Suiça, Áustria, França, Liechtenstein, Alemanha e Holanda.
A meio da manhã usufruindo das magníficas paisagens da “Deutche Alpenstrasse” seguimos a direcção de Füssen, sempre com um céu azul e o verde dos pastos a ajudar estes quadros fabulosos. Por volta das 14 horas estávamos a estacionar no parque do “Schloss Neuschwanstein”. Formalidades cumpridas (bilhete para BUS de ida e volta e visita ao castelo), lá seguimos para a visita a um castelo/palácio que nos surpreendeu em toda a linha. Iniciámos a visita pela "Marienbrucke”, ponte que tem uma vista privilegiada sobre o castelo e que tanto quanto percebemos foi construída com o propósito de, dela se admirar o castelo e a sua envolvente.
Entrados em Neuschwanstein somos transportados para um mundo de conto de fadas. Os tectos, as paredes, os adornos e ornamentos, a arquitectura, enfim… FABULOSO! Os detalhes, desde o sistema de aquecimento de todos os aposentos, ao telefone interno, às mobílias em madeira trabalhada, fazem-nos acreditar na dimensão da excentricidade de Ludwig II da Baviera (e pela qual terá sido assassinado!). Numa altura em que o seu reino passava dificuldades, este extravagante Rei edificava, num exercício de fantasia pura, uma das mais belas peças arquitectónicas do Mundo (candidata às http://www.new7wonders.com/). Assoberbados pela grandeza e pelo alcance desta obra, saímos de Neuschwanstein felizes por ter podido viver um pouco da atmosfera romântica que o rodeia.
De volta ao mundo real, saímos do parque de estacionamento e dirigimo-nos ao Fussen- Mobil, área de serviços e estacionamento para AC’s, onde por 9 euros pernoitámos e mudámos as águas. (47°34,96' N; 10°42,23' E).
Dia 7 - Sábado, 02 de Dezembro de 2006
Etapa: Fussen > Munique > Rattenberg > Schwaz
Quilometragem: 335 Km
Durante a noite fui acordado por um som estranho, de um pequeno motor a trabalhar!!!Após uns momentos a tentar perceber que som seria aquele, soou uma campainha de alarme dentro da minha cabeça… “a bomba de água!...”. A válvula anti-congelamento do sistema de aquecimento tinha disparado, tendo vazado o depósito do “boiler” e como a bomba de água estava ligada, entrou em funcionamento para repor o nível de água. Escusado será dizer que de manhã quando saí à rua tive uma surpresa!
Toda a água que foi bombeada, congelou no chão, criando uma autêntica pista de gelo à volta da AC… É que cá fora estiveram 5º negativos! Outra baixa deste episódio foi a bateria da célula (que já saiu de Portugal em muito más condições), e a partir daí não voltou a recuperar. Depois de uma ida ao Supermercado ali próximo (mais dois dedos de conversa em pouco alemão…), lá tomámos o pequeno almoço e arrancámos (não sem antes abastecermos novamente de água!) para Munique. No caminho parámos em Schongau, não é nada de especial pelo que às 13h30, estávamos a entrar na capital da Baviera.
Aqui correu-nos muito mal a vida! Tal como no ano passado em Gotemburgo, a cidade não nos quis por lá! Seguimos as indicações de Camping mas este estava fechado, só abria a 15 de Março! Fomos à procura do estádio do Bayern, pois tínhamos a indicação que se pode pernoitar lá (se não for dia de jogo!), foi difícil, mas lá chegámos ao Olympic Park (não sem antes irmos ao novíssimo Allianz Arena de Munique onde a Selecção Portuguesa "quase" carimbou o bilhete para a final no mundial de futebol do verão passado). O Olympic Park estava um caos, pejado de gente, nenhum local de estacionamento vago, pessoal com cachecóis (o que me levou a pensar que ía haver jogo) e um festival Gótico (não faltava lá nada…!). De volta à cidade, fomos à procura das duas áreas para AC’s que tínhamos referenciadas. Numa (no concessionário VW) não nos permitiram a entrada e a outra estava desactivada e no seu endereço estava uma nova estrada ainda em obras! Com isto tudo (sem falar no trânsito que apanhámos!), já eram 16h30!
Passámos mais de 3 horas às voltas! – Tinha dado tempo para estacionar, visitar e ir dormir a outro sítio! Mas isso era se nós imaginássemos o que nos estava destinado! Optámos por ir embora e voltar a Munique de avião! Metemo-nos na auto-estrada para a Áustria em direcção a Rattenberg, uma vila medieval, com apenas 440 habitantes, nas margens do Rio Inn. Este burgo tem a particularidade de ter sido edificado na sombra (e protecção) do monte com o mesmo nome. É uma das poucas localidades, que estando tão longe do Circulo Polar Árctico, não vê o Sol entre Novembro e Fevereiro... (até há um projecto europeu para a colocação de uns espelhos de modo a dar Sol àquela gente!). Por ser o primeiro sábado de Dezembro era a inauguração das festividades do Advento. A vila estava toda iluminada, todas as janelas tinham velas, havia fogueiras pelas ruas e barraquinhas a vender vinho quente e salsichas, grande parte do comércio estava aberto. Foi muito agradável!
Sempre nos salvou o dia! Acabada a festa, decidimos ir para Schwaz, que é logo ali ao lado e onde tínhamos indicação de uma área municipal para AC’s, o que se confirmou. Ficámos a dormir numa área impecável com a companhia de uma AC alemã. (47°20,79' N; 11°42,23' E)
Nota: À ida para Rattenberg passámos por Tagernsee, onde, num semáforo, um casal simpático que passava na passadeira nos abordou, perguntando se procurávamos um local para pernoitar! Nós agradecemos e dissemos que não. Um pouco mais à frente apercebemo-nos de que a localidade era muito engraçada, junto a um grande lago onde estava a decorrer uma grande festa e havia montes de gente pelas ruas, (teria valido a pena pernoitar ali…mas por outro lado também valeu a pena Ratenberg e Schwaz…) enfim, talvez numa próxima vez!
Dia 8 - Domingo, 03 de Dezembro de 2006
Etapa: Schwaz > Innsbruck
Quilometragem: 41 Km
Acordámos e concluímos que afinal a área não é tão boa como parecia, pois a máquina (de moedas) para encher de água estava desligada, o sistema de descarga de águas é dos de barco (tivemos de abrir uma tampa do sistema de esgoto e acertar com o tubo de descarga) e pior ainda, não havia perto onde comprar pão…
Num instante chegamos a Innsbruck e encontramos o parque que tínhamos referenciado “CampingKranebitten” (
www.campinginnsbruck.com), aberto todo o ano. Estacionámos e pela primeira vez tivemos corrente eléctrica… Também foi a estreia da nossa nova scooter. Ainda que já andasse com ela há cerca de 4 meses, esta foi a sua viagem de estreia em AC.
É uma Keeway Partner 110, que por ser motociclo, nos deixa mais à vontade nas deslocações nas estradas (que às vezes são auto-estradas!) por essa Europa fora. Fomos para o centro e fizemos a pé toda a zona pietonal. A cidade está fantástica, as fachadas estão enfeitadas e claro, lá estava mais um mercado de Natal! Parece que vamos corrê-los todos! Mais umas salsichas e uns copos de vinho quente.
Visitámos o Palácio de Imperial de Hofburg, que vale a pena pelo luxo da sua arquitectura barroca e pelo mobiliário e adereços. Fomos à loja da Swarovski comprar uns presentes de Natal, que como sempre estava cheia de movimento. Quando a noite cai a iluminação desta época festiva, juntamente com o concerto da varanda do “telheiro dourado” acentua a espectacularidade da cidade. Depois de um jantar volante pelas “tasquinhas” regressámos ao camping debaixo de um frio que cortava as nossas bochechas.
Dia 9 - Segunda-feira, 04 de Dezembro de 2006
Etapa: Innsbruck > Munique > Dachau
Quilometragem: 195 Km
Como ficámos com muita pena de não ter visitado Munique, resolvemos dar uma “2.ª hipótese” à capital da Baviera. Assim, cedo saímos de Innsbruck, passando por Garmish. Como não podia deixar de acontecer voltou a chover quando chegamos a Garmish (foi o 1º dia em que apanhámos chuva desde o início das férias!) Atravessámos Garmish, mas nem parámos, às 11h30 já estávamos em Munique.
Desta vez tudo correu diferente. Estacionámos junto ao centro, numa perpendicular à famosa rua das lojas de marca. Autocaravana estacionada e pagamento efectuado, fomos a pé calcorrear as zonas peatonais. Chegámos mesmo a tempo de ver o "Glockenspiel", famoso carrilhão da torre da praça de Marienplatz dar as doze badaladas e assistimos, com um mar de gente e uma chuva miudinha, à engraçada dança dos bonecos… Mais um mercado de Natal onde comemos uns crepes óptimos (não ficam atrás dos saborosos “parisienses”), e descobrimos um restaurante fantástico, na cave da “Rathaus”, chama-se “Rastkeller” e é um restaurante “typischer deutscher”, com a particularidade de ser todo debaixo do chão, enorme, com paredes e tectos abobadados pintados, um ambiente agradável e um menu variado e com várias especialidades germânicas.
Não deixei escapar a oportunidade e voltei a pedir um prato que, basicamente era “Wurst” (salsicha)! Ficámos clientes! Depois do almoço, o tempo melhorou e passeámos mais um pouco, fomos à famosa cervejaria "Hofbräuhaus" e achámos impressionante, numa 2ª feira às 3 da tarde, estar cheia de gente a beber e a cantar, enquanto uma banda tirolesa tocava ao vivo. Muito engraçado este espírito bávaro! Depois de uma breve passagem pelo Posto de Turismo, seguimos, já com a AC, para o Museu BMW. Este museu encontrava-se em obras, apresentando apenas uma pequena exposição de alguns dos mais emblemáticos veículos da marca (motos e carros). Para finais de 2007 está prevista a abertura do novo museu que segundo a maqueta que estava patente, será digno da “marca da hélice”, com representantes de todos os veículos que saíram das linhas de produção. Vai valer a pena voltar para ver!
Já era noite serrada quando saímos de Munique, em direcção a Dachau, onde amanhã queremos ir visitar o Campo de Concentração. Por volta das 19 horas chegámos e estacionámos no cimo da colina que “domina” a cidade, junto ao “Schloss”. Descemos a pé e voltamos a encontrar um mercadinho de Natal (não falhamos nenhum!) Comemos qualquer coisa… que no meu caso nem vale a pena descrever… vou experimentando todos os tipos de combinações de enchidos que os alemães fazem, e voltamos para encontrar um local para pernoitar.
Tal como diz no nosso “diário de bordo”, "agora é que foi pior!" Não contentes com aquele local, fomos à procura do parque de estacionamento do Campo de Concentração. Este estava encerrado, com cancela! Voltas e mais voltas e nenhum local me parecia indicado para pernoitar… Depois de 2 horas e alguns estaciona-arranca, voltámos ao ponto de partida, … o parque do “Schloss”!?! Tal como diz o ditado: “Quem muito escolhe, pouco acerta…” Foi uma noite péssima. Primeiro, foi o movimento de carros de um grupo de jovens, que escolhe aquele miradouro para ouvir música aos berros e falar alto, depois foi a chuva que me obrigou, às 2 da manhã a mudar a AC para a frente do edifício do Tribunal (único sítio sem árvores), pois os pingos “grossos” que caiam dos ramos não me deixavam dormir.
A noite entretanto deu lugar à madrugada, mas as complicações continuaram…
Dia 10 - Terça-feira, 05 de Dezembro de 2006
Etapa: Dachau > Kitzbuhel > St. Johan in Tirol
Quilometragem: 177 Km
Às 7 da manhã voltei a chegar a AC para o seu local inicial, pois o tribunal tinha um estacionamento e paragem proibida… Enquanto iam chegando carros, liguei o motor para termos energia para tomar banho. Como se eu não estivesse já farto daquele lugar, ainda chegou um sujeito, montado no seu Mercedes 500 SEC, penso eu que funcionário do Tribunal (Juiz talvez!), que por não ter onde aparcar o se carro enorme me veio chatear, dizendo num alemão ditatorial que tínhamos de tirar dali a AC… Tudo bem, “a gente sai”, mas só depois do banho tomado… afinal o Mercedes dele é grande, mas a AC é maior!
Quando nos despachamos lá seguimos para o Campo de Concentração, sem saudades nenhumas deste local. Já no parque do Campo e depois de uma paragem técnica numa padaria, tomámos o pequeno-almoço.
A visita ao Campo de Dachau levou toda a manhã. Foi realmente perturbador. A inscrição no portão de ferro “Arbeit macht frei” (O trabalho torna-te livre) que convencia os prisioneiros de um possível destino que não podia estar mais longe da realidade… Por muitos filmes que tenhamos visto, este local tem uma “carga” que emociona qualquer alma. As atrocidades aqui cometidas são inimagináveis. Estar dentro de uma câmara de gás , entrar nas “barracas”, onde viviam pior que animais. Não é possível descrever, o choque é tremendo! Ainda assim é bom que tomemos consciência de que estas “infra-estruturas” existiram, e que na realidade eram muitas mais do que pensávamos, achamos importante levar com esta realidade de “chofre”, para que desejemos que isto nunca se torne a repetir e sobretudo para dar valor a uma liberdade que, hoje em dia, é tomada como certa…
Atordoados pela nossa “passagem” por Dachau, rumámos de novo à Áustria, a Kitzbuhel, nesta nossa busca incessante pela neve… A cidade é muito bonita, está preparada para o início da época de Ski, só não tem neve!?... Nós tínhamos previsto, na próxima semana, 3 dias de Ski nesta famosa estância, mas parece que não vamos ter essa sorte… Descendo pelo vale do “Kitzbuheler Ache”, chegámos a St. Johan in Tirol.
Estacionamos à entrada, no parque “carros+bus” a 200 metros do centro, que não é proibido às AC e também não é pago. Somos a única AC e decidimos que vamos pernoitar aqui (47°13,40' N; 12°25,40' E). Seguimos a pé para o centro e descobrimos mais um burgo encantador. As fachadas trabalhadas, os edifícios em madeira, as pinturas… enfim, é um prazer passear nestas zonas livres de trânsito automóvel. Fizemos um lanche-ajantarado no "Café Rainer", num ambiente muito acolhedor, estilo antigo com uma clientela de todas as idades. Ainda cedo, já estávamos recolhidos na AC, a recordar e a registar tudo o que vivemos hoje. Foi um dia que pareceu ter mais horas do que é costume, talvez pela quantidade de informação e emoções. Desgastante, mas gratificante.
Dia 11 - Quarta-feira, 06 de Dezembro de 2006
Etapa: St. Johan in Tirol > Salzburg
Quilometragem: 79 Km
A noite foi descansada e logo de manhã seguimos para Salzburgo. Estacionámos numa paralela à linha de comboio, numa rua residencial, com parquímetro. O parque ficou pago até às 14 horas (sabíamos que só voltaríamos bem depois disso… embora contássemos com a multa da praxe, ainda não foi desta!... voltámos às 19 horas e nada de multa!?).
Passámos o dia em Salzburgo. Foi fabuloso! É realmente uma cidade linda onde apetece passear. O mercado de Natal do centro da cidade (existem outros 6 espalhados por Salzburgo) é a cereja no topo deste bolo, é de longe o melhor de todos os que já visitámos. As largas dezenas de “barracas” são todas iguais e de barracas só têm o nome, pois o cuidado colocado na construção e apresentação destas verdadeiras “lojinhas de encanto” é impressionante. Almoçámos num restaurante italiano, mesmo na rua "Getreidegasse", quase em frente à casa onde nasceu Mozart, e fomos à nossa conhecida “loja do Natal” onde gostamos sempre de comprar uns acessórios.
Subimos o funicular e fomos visitar o Castelo Hohensalzburg Fortress, à entrada deparamo-nos com uma vista soberba! Toda a cidade, o rio Salzach, as montanhas à volta, mais um postal para gravar na retina. A sua localização tornou-o durante séculos inexpugnável. Nos nossos dias atrai os turistas, mostrando as riquezas conseguidas com o comércio do sal (bem precioso daqueles tempos e que era controlado pelo Arcebispado de Salzburgo), e serve de palco a jantares e festas onde se apreciam as obras de Mozart. Descendo de novo à cidade, já com a noite nos céus, as iluminações… o concerto de Natal com um coro na escadaria da catedral, foi simplesmente fantástico.
De volta à AC, não sem antes tomar um aconchegante chocolate quente e uma fatia de torta no “Sacher”, partimos à procura do parque de campismo (47°49,71' N; 13°03,11' E). Fica na zona norte da cidade e tem óptimas condições (não foi fácil de encontrar pois o nosso mapa da cidade não apanhava aquela zona, e o nosso GPS… enfim!).
Dia 12 - Quinta-feira, 07 de Dezembro de 2006
Etapa: Salzburg > Hallein > Reiteralm > Strobl
Quilometragem: 216 Km
Hoje atrasámos a saída porque finalmente tentei e consegui resolver um problema detectado logo no 2º dia, o depósito de águas sujas do lava-loiça estava entupido, não corria nada na descarga. Enquanto isso a minha mulher deu uma limpeza geral no interior da AC. Partimos do parque de campismo com tudo a funcionar, limpinho e atestado.
Partimos em direcção a Hallein, 30 Km a Sul de Salzburgo, para em Bad Durrnberg, visitarmos as Minas de Sal de “SalzWelten”. Vale a pena, somos convidados a vestir uns fatos de macaco brancos, e somos levados por um pequeno comboio, debaixo do solo, até uma profundidade de 200 metros. É-nos explicada a forma engenhosa de extrair sal da rocha, apenas recorrendo ao bombeamento de água e damos um passeio numa barcaça, num lago no interior da mina.
Depois do almoço fomos para Reiteralm (na estrada de Linz) à procura da única estância de ski, que supostamente estava aberta, e onde se ia realizar, no fim de semana seguinte uma prova da Taça do Mundo, o que levava a crer que haveria neve para a semana de ski que temos planeada com os nossos primos. Puro engano, só têm neve para uma pista (a da taça do Mundo) que talvez (?!) abra ao público depois da prova… Nem vale a pena esperar, começo a ficar tomado pelo desespero, estou à duas semanas há espera de neve e nada! Vejo a semana de ski a ficar comprometida.
Tínhamos programado dormir em Reiteralm, mas aquilo é muito feioso… resolvemos rumar a Strobl (nas margens do Wolfgangsee), que nos encantou com as suas iluminações de Natal. Depois da volta de reconhecimento, estacionámos num parque para ligeiros (47°43,00' N; 13°28,80' E), e fomos a pé escolher um restaurante. Gathof Kirchenwirt, muito acolhedor, todo em madeira e tecidos de cores quentes, a comida típica tirolesa e muito boa, adorámos!
Dia 13 - Sexta-feira, 08 de Dezembro de 2006
Etapa: Strobl > Gmunden > St. Wolfgang
Quilometragem: 186 Km
Acordámos cedo e fomos passear por Strobl. A ideia com que ficámos ontem à noite reforçou-se, é uma localidade encantadora. Como é feriado as barraquinhas do Natal já estão a começar a abrir e vendem-nos uns óptimos pães doces acabados de fazer!
Depois do pequeno-almoço, como o dia estava muito bonito, decidimos percorrer um caminho panorâmico à volta do lago. Não haja dúvida de que os lagos facultam cenários fantásticos… foi um dia que nos revelou toda a beleza das paisagens austríacas. Fomos até Gmundem (por Bad Ischl), virámos para SeeWalchen e descemos por Ottersee e Unterach até Sankt Wolfgang, o nosso principal destino de festividades de Advento. Demos logo com o SeeCamping Appesbach, com o qual já tínhamos contactado por e-mail aquando dos preparativos da viagem. É um local muito agradável, ficámos na 1.ª linha junto ao lago, com um estrado de madeira na lateral da AC.
Tirámos a scooter e fomos para o centro da vila (1 Km do Camping). St. Wolfgang é, tal como esperávamos, uma pequena cidade encantadora. Virada para o lago, usufrui de uma paisagem de sonho e goza de uma cumplicidade que é quase palpável, com as outras 2 principais povoações do Lago Wolfgang See, (Strobl e St. Gilgen). As constantes ligações de ferry ajudam a um incrível movimento de pessoas, num vai e vem constante entre estas simpáticas terrinhas. O mercado de Natal estava “à pinha”, desenvolve-se pelas principais ruas do centro que não têm trânsito automóvel. Não havia muitas repetições, cada barraquinha vendia algo diferente da anterior. Comprámos algumas peças de artesanato e comprovámos que em termos gastronómicos, este é o mercado com as especialidades mais engraçadas, além dos omnipresentes salsichas e vinho quente, experimentámos uma sopa de batata dentro de um pão, ao qual tiraram o miolo, rolo folhado de peixe fumado, uns ponches de bagas silvestres e bolacha americana com banana e chocolate quente. Muito bom!
No início da noite estivemos sentados à beira lago a contemplar a magnífica paisagem e aproveitei para meter conversa com um nativo. Era um senhor de idade, muito simpático com o qual troquei muitas impressões no meu parco alemão. (A minha mulher acha que um falava de alhos e outro respondia em bugalhos… eu acho que nos entendemos muito bem!). Uma das coisas que nos disse o “nosso amigo austríaco” pudemos confirmar, ele disse que conhecia um casal português, donos de um pequeno quiosque ali em St. Wolfgang.
Durante o nosso passeio nocturno encontramos um quiosque de cachorros com uma bandeira portuguesa, com fotografias do Algarve (tal como o austríaco nos tinha dito!). Esperamos na fila pela nossa vez e pedi uma Bosna (salsicha típica) em português. O Sr. não disse nada, virou-se e enquanto me preparava a especialidade, desatou a falar em português! Queixou-se pelo facto de estar muito preocupado pois a sua esposa estava, naquele momento, a ser operada e ele tinha-lhe prometido que assegurava o funcionamento do quiosque. O seu pensamento estava obviamente longe dali e claramente a precisar de desabafar… dá que pensar, numa fracção de segundo, todo o nosso percurso parecera que nos levara ali, para que aquele homem pudesse descarregar o que lhe ia na alma… foi perturbador. Enquanto a fila de clientes tentava perceber o que se estava ali a passar, demos umas palavras de consolo e viemos embora a pensar nas últimas palavras que nos dirigiu: …aproveitem bem a vida, pois ela é curta!...
Ainda abalados com este episódio regressamos às margens do lago para contemplar a iluminação no meio deste. Uma enorme lanterna, rodeada por estrelas flutuantes com o interior a arder. Muito bonito. Por volta das 23 horas regressámos ao Camping onde nos esperava uma noite tranquila (47°43,89' N; 13°27,88' E).
Dia 14 - Sábado, 09 de Dezembro de 2006
Etapa: St. Wolfgang > St. Johan in Pongau > Zell am See > Salzburg
Quilometragem: 322 Km
Hoje a manhã foi muito descansada. Ficámos a dormir até mais tarde, voltei ao centro de St. Wolfgang para comprar pão e pus-me a par das notícias na Internet, no computador que o dono do Camping me facultou. Já neva em St. Anton, (vamos ver se chega para abrirem as pistas!?), a
esperança renasce… hoje regressamos a Salzburgo para nos encontrarmos com o Carlos e a Jacinta (que chegam de avião às 22 horas), para a nossa tão esperada semana de Ski…
Como temos o dia todo livre, resolvemos ir a passear por Bad Ischl, Bad Goisern, Gosau, Abtenau, Golling e St Johan in Pongau (a vila mais simpática destas todas!). A meio da tarde parámos para almoçar em Zell am See. Já se vê muita gente de botas de Ski, mas no turismo informam-nos de que muito poucos meios e pistas estão disponíveis.
Seguimos em direcção a Kitzbuhel e, a meio do trajecto, enquanto subíamos uma montanha, começou a nevar… finalmente os meus desejos concretizaram-se!… Rapidamente a breve euforia dá lugar à preocupação. Não parávamos de subir e cada vez o nevão era mais forte. Várias vezes senti a direcção a soltar-se e ficarmos sem tracção. Mesmo no cimo, a 1273 metros, antes de iniciar a descida, perco o controlo da AC e fico “atascado” na berma, a meio metro de um muro de pedra!… A noite já caiu, toca a sair, colocar o triângulo e montar as correntes para sair dali e para uma descida que se adivinha complicada. A estreia das correntes foi um filme completo… tive de usar uma pá que felizmente tínhamos levado, a minha co-piloto teve de se estrear no volante durante estas manobras e depois de um dedo entalado e o triangulo partido, lá iniciámos a descida a 10 à hora, em 2ª, até à entrada de Kitzbuhel onde já não nevava e pudemos retirar as correntes.
Felizes por ter acabado esta pequena odisseia, constatámos que sou um nabo a conduzir nestas condições. Ainda que eu achasse fisicamente impossível, a verdade é que muitos austríacos passaram por nós, sem correntes e a uma velocidade de “piso seco”, senti-me um verdadeiro aselha! Já com a borracha dos pneus a tocar o alcatrão, rumámos a Salzburgo. Perto das 21 horas estacionámos no parque de Bus do aeroporto à espera dos nossos primos.
Chegaram à hora prevista (22 h) num voo que do Porto a Salzburgo, fez escala em Palma de Maiorca!?. Procurámos cerca de uma dezena de hotéis e todos estavam lotados. Exaustos, enquanto andávamos às voltas à procura de hotel, encontramos o parque de estacionamento “Maribel” com muitas AC’s a pernoitar, nem pensámos duas vezes, montámos a 2ª cama e dormimos todos ali mesmo (47°48,34' N; 13°02,63' E).
Dia 15 - Domingo, 10 de Dezembro de 2006
Etapa: Salzburg > Kitzbuhel > Innsbruck
Quilometragem: 273 Km
Acordámos e constatámos que estavam mais de 50 AC´s (sobretudo italianas) neste parque que pelos vistos é o local preferido para pernoita em Salzburgo. Seguimos para o centro, onde tomámos o pequeno-almoço e demos mais uma volta para os nossos primos verem as decorações de Natal.
No final da manhã seguimos, de novo, para Kitzbuhel, numa derradeira tentativa… não havia previsões de abertura das pistas pelo que rumámos a Innsbruck (de novo!). Chegamos ao Camping Krannenbitten onde a simpática recepcionista arranjou uma caravana, perto do nosso lugar da AC, para os nossos primos.
Saímos para a visita nocturna ao mercado de Natal e acabámos a jantar no famoso “Goldener Adler”.
Dia 16 - Segunda-feira, 11 de Dezembro de 2006
Etapa: Innsbruck > Stubaier (Volderau)
Quilometragem: 58 Km
A noite foi “um sono só” pois estávamos muito cansados. Cedo apontámos ao glaciar de Stubaier, apenas 40 km, já com os pés ansiando pelas botas de ski!
Mal chegámos, comprámos os forfaits e enquanto as damas ficaram a apanhar Sol na esplanada da estância, eu e o Carlos iniciamos as descidas. As pistas são fabulosas, os meios mecânicos impecáveis e a paisagem é de sonho. Depois de um almoço rápido no restaurante da zona intermédia, subimos tudo até ao que chamam “Top of Tirol” para explorar as pistas viradas para a Itália e depois descer de uma assentada os cerca de 10 km até à base das pistas. Estando o meu primo encarregue da planta da pista e das respectivas escolhas de itinerário, restou-me desfrutar da beleza e qualidade daquela tarde esquiável.
Ao final da tarde descemos até Volderau (na base do glaciar) e procurámos um hotel que, tivesse um quarto para os nossos primos e nos permitisse estacionar/pernoitar por perto. Não podíamos ter tido mais sorte, no “BergCristall”, trabalha uma família portuguesa que não só nos arranja maneira de pernoitar no parque de estacionamento, como nos permite, a todos, o acesso à piscina e sauna do hotel. Depois de uma tarde de ski, nada melhor! À noite fomos convidados para, junto com todos os hospedes do hotel, um jantar temático. Muito agradável e sobretudo muito simpático por parte do “Carlos” (é assim que se chama o empregado de mesa).
No final do jantar recolhemos à AC onde tivemos uma noite descansada, embora o aquecimento se tenha desligado, mais uma vez por falta de bateria e lá fora o termómetro tenha descido aos 8,2 negativos!! (47°04,10' N; 11°15,32' E).
Dia 17 - Terça-feira, 12 de Dezembro de 2006
Etapa: Stubaier (Volderau > Neugastein)
Quilometragem: 28 Km
Acordámos bem cedo e fomos tomar o pequeno almoço ao Hotel, como tínhamos combinado com o Carlos (o nosso “Português Connection”). As nossas companheiras ficaram na piscina do hotel enquanto nós seguimos para o glaciar, para mais um dia de Ski.
Hoje o dia estava muito nublado. Chegou a nevar enquanto explorávamos as magníficas pistas deste movimentado glaciar. Reparamos que no estacionamento havia vários automóveis topo de gama de 7 ou 8 países, sobretudo das emergentes República Checa e Polónia. Almoçámos no topo da estância, a 3.300 metros de altitude. São impressionantes as excelentes condições deste restaurante, sobretudo pensando que tudo tem de ser trazido no teleférico, sem uma única estrada!
À tarde, uma névoa a 20-30 cm do chão, não deixava ver as irregularidades das pistas pelo que o ski ficou ainda mais emocionante, era “navegar” às cegas, com constantes correcções de trajectória, espectacular!
Ao final da tarde regressámos para junto das nossas companhias que tinham escolhido um óptimo restaurante onde tivemos direito a assistir a um despique de canções tirolesas com os “yoreleis” a preceito! Muito engraçado!. Os nossos primos tiveram de mudar para outro Hotel a cerca de 1 km, em “Neugastein” porque não havia quarto para esta noite e nós fomos para o “Camping Stubai” ali mesmo ao lado (e com ligação à luz eléctrica! Gott sei danke!). (47°04,09' N; 11°15,19' E).
Dia 18 - Quarta-feira, 13 de Dezembro de 2006
Etapa: Stubaier > Sirmione > Albertville
Quilometragem: 746 Km
Às 9 horas rumámos à Itália, a caminho de Bolzano e Verona, para depois contornarmos o “Lago di Garda”. Aproveitámos para almoçar e visitar Sirmione, pois o dia estava fantástico.
De volta à estrada, passámos por Brescia, Milão e Turim de uma assentada para atravessarmos a fronteira francesa perto da hora de jantar.
Reabastecidos (estômagos e depósitos), seguimos para Albertville, onde um ETAP-Hotel entretanto marcado por telefone nos esperava (a nós era o parque de estacionamento que nos esperava…).
Dia 19 - Quinta-feira, 14 de Dezembro de 2006
Etapa: Albertville> Val Thorens
Quilometragem: 73 Km
Combinamos arrancar cedo para podermos fazer ski ainda de manhã. Val Thorens era o destino e foi rápida a etapa. Depois de estacionados no parque de 48 horas (45°17,86' N; 06°34,68' E), e enquanto as damas escolhiam hotel para os nossos “passageiros da célula”, lá seguimos para as pistas. E que pistas! Val Thorens faz com Courchevel e Méribel aquilo a que denominam “le plus grand domaine skiable du monde”.
Ainda que as passagens para as outras encostas estivessem fechadas, só Val Thorens vale mesmo a pena, tem uma qualidade de pistas, de meios e sobretudo o facto de descermos e atravessarmos a cidade em ski é fantástico. O tempo esteve solarengo e a paisagem ganhou muito com isso.
Combinámos almoçar na esplanada de um restaurante, mesmo ao lado das pistas. Umas belas costeletas, um Bouvier Bernois simpático, de mesa em mesa, e uma vista soberba sobre os montes! Coisa de filme! No final da tarde fomos para o “Aquaclub” do Centre Sportif desfrutar das piscinas, saunas e “hammans” para relaxar do stress das descidas (?!).
O parque de estacionamento é muito calmo, quase sem movimento e, ao lado de uma Hymer luxemburguesa, lá passamos a noite. (mais uma vez com meia carga na bateria, logo com dois terços das noite sem aquecimento).
Dia 20 - Sexta-feira, 15 de Dezembro de 2006
Etapa: Val Thorens (ida a Les Menuires)
Quilometragem: 20 Km
À abertura dos meios mecânicos já lá estávamos, prontos para mais um dia, que se apresentava solarengo. As pistas, ao inicio da manhã estão fantásticas. Acabadas de rectificar, são autênticas auto-estradas, perfeitamente lisas e sem qualquer sulco. Nestas descidas demos por bem empregue o valor de um forfait que, comparado com o da “nossa” Serra da Estrela, até é barato! Fomos os primeiros em várias descidas e o gozo foi total.
O almoço foi, mais uma vez numa esplanada, desta feita numa pizzaria e com acesso directo às pistas. Passámos mais uma tarde a tirar o maior partido daquelas condições acima do que alguma vez conheci e fizemos uma retirada estratégica lá para o fim da tarde, pois o movimento já estava a ficar caótico. Com a falta de neve por essa Europa, sobretudo nos Pirinéus, começaram a chegar excursões de Espanhóis e as coisas nas pistas começaram a ficar complicadas. Os tipos são todos “arraçados” de Sainz!!
Chegado à AC, nem para tomar banho tinha bateria, não tive outro remédio senão fazer 20 Km, até Les Menuires e voltar, para depois poder tomar o meu merecido banho, enfim, não me voltam a apanhar nestas condições sem um gerador (os nossos vizinhos da Hymer todos os dias ligavam o deles cerca de duas quando chegavam das pistas!).
O jantar foi numa simpática “creperie” decorada com fotos de época, dos primórdios do ski! Após uma volta nocturna pelas ruas iluminadas, recolhemos para descansar pois o ski já acabou e amanhã começa aquilo que gosto de chamar de “reentrada”, ou seja o regresso.
Dia 21 - Sábado, 16 de Dezembro de 2006
Etapa: Val Thorens > Vitoria
Quilometragem: 1149 Km
Às 7 horas já estávamos acordados. Teve mesmo de ser, mais uma vez não houve aquecimento durante a noite e, às 7 da manhã, liguei a AC e fui estacionar junto do “Flot Bleu” (o dispensador de água). Atestámos de águas com as fichas que nos deram com o pagamento do parque e fomos ao Hotel buscar os nossos primos.
Antes das 9 horas já estávamos a descer rumo a Lyon. Atravessámos a França pela nossa conhecida E70, por Clermont, Perigueux, Bordeaux e Hendaye. Às 21 horas parámos a seguir a San Sebastian para jantar e por volta da meia noite andávamos às voltas em Vitoria à procura de hotel.
Acabámos por ter de sair da cidade e encontramos logo a estação de serviço “Ruta de Europa”, que além de ter hotel, tinha um amplo estacionamento para pernoitarmos na nossa AC. Depois de um dia de 1.150 km só queríamos mesmo, era encostar a cabeça! (42°49,12' N; 02°46,73' W).
Dia 22 - Domingo, 17 de Dezembro de 2006
Etapa: Vitoria > Bragança > Óbidos
Quilometragem: 848 Km
Alvorada perto das 8 da manhã e “pé na tábua” pois as luzes teimavam em não acender, (o comutador de luzes teve uma avaria e deixámos de as poder ligar!), havia que chegar a Óbidos com a luz do Sol.
O dia manteve-se muito “feio” e chegamos a pensar que iria nevar pois a temperatura (perto de Burgos) chegou aos “negativos”. À hora do almoço chegámos a Bragança, onde deixamos os nossos companheiros de viagem.
O Carlos e a Jacinta ficaram na sua casa transmontana e nós prontamente seguimos pelo IP4, IP3, A1 e A8 para mesmo ao “lusco-fusco” chegarmos a nossa casa. Estávamos sem dúvida um pouco cansados, estas últimas etapas foram desgastantes.
Nestes 22 dias percorremos mais de 7.500 km, por uma zona da Europa que nos encanta de cada vez que a visitamos. A época do Advento é uma altura do ano em que, pelas decorações, pelos mercados, pelo espírito que envolve as pessoas e também por não haver muito turismo, nos agradou muito. Voltaremos com certeza!
Em relação à semana de ski, ainda que algo comprometida pela falta de neve (que se revelou geral por toda a Europa), conseguimos “matar” o nosso bichinho e deu para ver que os Alpes são um Mundo à parte!...
Até Breve!
Nota final: Obrigado por terem lido este nosso relato. Esperamos que seja útil aos companheiros que se desloquem para "esses lados". Temos todo o gosto de receber os vossos comentários. Assim, aqui nos "comments" ou no nosso mail (
nunca@sapo.pt), gostavamos de receber os vossos comentários. Obrigado